Entre a mancha e a figura.
Luiz Aquila da Rocha Miranda – Rio de Janeiro, 1943.
Em 1959/1960 freqüenta o curso de pintura de Aluísio Carvão e o de desenho de Tiziana Buonazola, no Museu de Arte Moderna. Transfere-se para Brasília, em 1962, freqüentando, como aluno livre, o Instituto de Arte e Arquitetura da UNB. Viaja sucessivamente para Paris (1965), Lisboa (1967) e Londres (1972) como bolsista dos governos francês, português e inglês, começa a expor coletivamente em 1960, em Brasília, e individualmente, no Rio, em 1965. Realiza outras exposições individuais em São Paulo, Lisboa, Paris, Liverpool, Lima, Washington, e participa da Bienal de Veneza, em 1978. Fez cenografia para dança, ilustrou livros de poesia e ensina na Escola de Artes Visuais. Reside no Rio de Janeiro.
Desde os 16 anos, quando decidi ser pintor, cedo mas sem ser precoce, a expressão plástica sempre foi uma maneira de me colocar como indivíduo e coletivamente. Meu primeiro contato foi com a arte moderna, numa relação sem maniqueísmos, talvez por ser filho de um arquiteto e pintor modernista. Assim, o que para muita gente significou rupturas difíceis foi para mim uma grande viagem pelo tempo, através da história da arte, sem atitudes pré-concebidas.
Informado pela história, gosto de preservar minha intimidade com a minha arte, que é biográfica, que tem a ver com os lugares onde vivo, com as pessoas com quem convivo, com paisagem em que me integro, tudo interferindo na cor e nos espaços.
Mesmo durante o regime neo-dadá, nunca vesti as pantufas de mais uma missão francesa chata, verborrágica, pernóstica, entediada de um Marcel Duchamp/Granjean de Montigny de roupão, que evitava a courrant d´air das emoções. Continuei pintando e crendo mais nos processos que nos atos.
Por suas características de cor, espaços, tensões, textura, relação artista/pincel/tela, a pintura continua sendo o melhor meio de prosseguimento do meu processo: torto, cheio de meandros, com idas-e-voltas até um beco sem saída, fechado por um muro que dê para pular e cair numa lata de lixo e depois sair dela e o lixo virar pintura, como num desenho animado.
Conversa de Luiz Aquila da Rocha Miranda com João Carneiro e Regina Miranda, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, setembro de 1982
Texto publicado no catálogo da exposição “Entre a Mancha e a Figura” no MAM-RJ em 1982
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